terça-feira, 18 de dezembro de 2007

É Natal, é Natal!

Férias... Só por si justificariam o entusiasmo dos últimos dias. Mas a alegria, nesta altura do ano, tem outro motivo: é Natal! Sim, porque o Natal vive-se mais até nos dias anteriores, dias de preparativos e planos, dias de expectativa... E, apesar de regressar todos os anos, com os mesmos rituais, as mesmas cores, as mesmas imagens, recebemo-lo sempre como se fosse momento único e irrepetível...


Este ano, fui presenteada com um pedacinho desta alegria festiva. Veio bem embrulhada entre laços e palavras, era doce como os bombons que todos provámos e saltava cintilante de dentro dos postais...





Agradeço os presentes, as palavras ditas e escritas, mas principalmente o que tudo isto representa. Aproveito, finalmente, este espaço para retribuir a todos, alunos e colegas, os votos de Feliz Natal e Próspero Ano Novo.
Alessandra

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Poemas que falam por nós


Há pelo menos mil e uma razões para se gostar de um poema. Melhor: largos milhares - para evitar coincidências pouco dignificantes com o número de maneiras de cozinhar bacalhau e porque milhões seria talvez um leve exagero... Uma delas poderá ser aquela impressão que por vezes nos deixa de que somos autores (co-autores, vá) de palavras que não escrevemos nem seríamos capazes de escrever...
Quando hoje casualmente tropecei no poema de Carlos Drummond de Andrade que abaixo transcrevo, tive a sensação de que o meu pensamento só mudou de sotaque…


Memória

Amar o perdido
deixa confundido
este coração.

Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.

As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão.

Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão.

Drummond de Andrade

Hoje, o poema é meu, ou antes, “meu”… Espero que as próximas selecções poéticas sejam vossas… Que acham da ideia de organizarmos uma antologia com os nossos poemas preferidos?

sábado, 8 de dezembro de 2007

O preço das palavras

Se há coisa que não percebo - e que, como tudo o que não percebo, me irrita solenemente - é essa mania (pelo menos tão antiga como eu) de comprar e vender palavras. É, de facto, difícil de aceitar que umas rodem sem parar na boca de todos até se lhes desbotar o sentido e outras nunca cheguem sequer a ganhá-lo, fechadas a sete chaves entre as capas duras do dicionário... E tudo porque algum capitalista sem escrúpulos se lembrou um dia de lhes pôr um preço - e um preço alto!... Ora toda a gente sabe que as palavras não têm preço. «São um bem inestimável» - diria, certamente, um desses magnatas letrados que têm os cofres cheios de palavras tão caras e valiosas que já até adquiriram o estatuto de "vocábulos". E é daí que nascem todas as confusões: bem ao contrário do que acontece com carros, casas e jóias, as mais baratas vêm a ser as mais caras (se não a todos, pelo menos à maioria), e as mais caras as menos apreciadas, com tudo o que há de contraditório e inexplicável nesta (i)lógica. Mas os problemas não se ficam por aqui: se antigamente (na época em que se estudava gramática na escola) as diferenças de classe opunham substantivos a verbos numa disputa interminável pela supremacia, agora a questão é bem outra... O "vocabulário", do alto da sua arrogância engravatada, faz-se caro e difícil e recusa misturar-se com o "palavreado" vulgar que sai da mais comum das bocas... E o palavreado, por sua vez, vai alardeando a sua popularidade, indiferente aos que o acusam de ser pobre e calão... É bem provável que já alguém se tenha lembrado de criar o Partido Social da Palavra para combater os elitismos e a pobreza vocabular ou para lutar pela igualdade dos termos, mas mais certo ainda é que a cínica da demagogia, ovelha negra do redil das palavras políticas, tenha conseguido deitar por terra este sonho democrático...

No fundo, é este o estado actual das coisas e cá me parece que vai continuar a sê-lo até ao dia em que as palavras, como os sorrisos e os assobios, os acenos e as carícias, tudo, enfim, que com significado nos sai da boca e das mãos volte a não ter preço...
Alessandra



Dedico este texto aos alunos que passam as aulas a rotular as pobres palavras de «caras» e aproveito para propor os seguintes exercícios vocabulares àqueles que, em Spalding e Boston, se encontram em preparação para o exame AS:

1. Retira do texto palavras ou expressões equivalentes às abaixo transcritas (desta vez, mas só desta vez, podes usar o dicionário):

a) seriamente, gravemente;

b)desvanecer, descorar;

c) com falta de sentido ou preocupação moral;

d) sem fim;

e) poder ou autoridade máxima;

f) sentimento de orgulho ou vaidade que se exprime por uma atitude de desprezo;

g) gabando-se;

h) estábulo;

i) arruinar, estragar.

2. Encontra no texto um sinónimo de 'magnata'.

3. Explica por palavras tuas o sentido dos vocábulos:

a) elitismo;

b) cínico.

4. Faz corresponder as palavras 'democracia' e 'demagogia' ao seu significado:

a) sistema político em que o poder é exercido directa ou indirectamente pelo conjunto dos cidadãos;

b) simpatia pelo povo;

c) submissão da actuação política ao agrado das massas, com o objectivo de conquistar o seu apoio.


As respostas devem ser escritas numa folha à parte e entregues até ao final do período.

Bom trabalho!